Os deputados da FNLA, UNITA, CASA-CE e PRS, abandonaram hoje a sessão parlamentar. Em causa está a inclusão para discussão e votação na generalidade – proposta hoje pelo MPLA – dos projectos de Lei do Regimento da Assembleia Nacional, da Lei Orgânica do Sistema de Informação e Gestão dos Processos Eleitorais, bem como a Lei de Alteração à Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, previstas para 2017.
O Bloco Democrático (BD) já reagiu saudando e solidarizando-se com a Oposição e recordando que “estas eleições de 2017 já começaram mal, e tudo com a falta das eleições autárquicas que têm que acontecer este ano às quais José Eduardo dos Santos e MPLA teimam em fugir”.
“O Bloco Democrático, saúda entusiasticamente e está solidário com esta acção de relevante patriotismo e coragem, um apelo que a sociedade civil também tem feito pois ela não vê nas eleições de 2017 a verdade eleitoral que se exige”, diz o BD em comunicado.
Angola teve até hoje três idas as urnas desde a instalação do regime (supostamente) democrático. Os vários momentos têm sido sempre contestados pela oposição política nacional. Não se trata de um capricho, mas antes de sim de uma exigência a que todos os países democráticos não abrem mão e que Angola não quer ser excepção, diz o BD, acrescentando que “a fraude eleitoral já está montada. Tem sido preparada pelo partido da situação baseando-se nas suas experiências anteriores e nas experiências que retira do contexto regional africano e mundial.”
“Ao BD faz preocupação a corrida que surgiu de necessidade de actualização de dados para os terminais de telemóvel. A fraude eleitoral de 2012, foi informaticamente bem montada, para os próximos actos eleitorais a fraude não será muito diferente, mas será preciso ao regime alimentar novas fórmulas que lhe permitam fazer parecer que está tudo bem. Estamos preocupados e não queremos mais eleições sem verdade eleitoral! A fraude começa também pela falta de liberdade política e de activismo no país!”, considera o Bloco Democrático.
Por isso, explica o BD, “toda a verdade eleitoral, não tenhamos dúvidas, só acontecerá se o povo angolano se empenhar. É urgente a cidadania, é urgente que o povo angolano se envolva e seja actor, pois é o seu futuro e presente de fome, doença, desalojamentos que está em causa com este regime corrupto que nos tem desgovernado. Tenhamos força e coragem para agir pois a terra é nossa!”
O Bloco Democrático apresenta-se “como sempre”, disponível para um amplo trabalho em conjunto, “quer com a sociedade civil quer com os restantes partidos de oposição quer com verdadeiros democratas que existem no seio do MPLA”, isto porque entende que “a fraude só será travada se o povo, os movimentos e organizações da sociedade civil e os partidos políticos todos trabalharmos em conjunto”.
Neste contexto, o Bloco Democrático apela a JES MPLA para que “aceitem que o tempo de governação esgotou-se, o momento é só e apenas de verdade eleitoral”.